Post aberto ao prof. Élio Maia

Meu caro prof.:

Pierre Nicole, teólogo francês do século XVII, tentou moralizar o mundo com uma frase que ainda hoje tem todo o cabimento: "não é a injustiça em si mesmo que nos fere, é o sermos vítima dela."

Confesso-lhe, professor, que quando leio esta verdade o meu pensamento dirige-se a si. Porque sinto que o professor, nesta fase da sua vida, vive uma situação de injustiça que, estou certo, será a maior que já teve.

Sei que tinha o secreto desejo de ser presidente da Câmara Municipal de Aveiro há muito. Uma ambição legítima, diga-se, desde que Alberto Souto ganhou a primeira eleição. Recordo-me de algumas conversas que tivemos, sempre, todas elas, emolduradas com o seu tradicional e cativante sorriso de complacência perante a possibilidade de ser o candidato da uma direita unida. O "espectacular" fazia sentido!

Como o sonho comanda a vida, o professor acabou por ser o nosso candidato. Da direita unida que contra muitas previsões teve o sucesso desejado. Sabedor de que o que iria encontrar era uma tarefa hercúlea, o professor sujeitou-se à equipa que lhe impuseram e fez um primeiro mandato positivo, conseguindo devolver credibilidade a uma edilidade com alguma obra mas sem pagamentos em dia.

A renovação da vitória autárquica não apanhou ninguém de surpresa. Reforçada, aliás, com uma larga maioria. Mas o que falhou, permita-me a franqueza, foram as suas escolhas. Escolhas na composição da equipa que como se está a ver fazem-lhe a vida negra e conseguem, imagine, tirar-lhe do sério. Algo impensável até há pouco tempo atrás, tirar uma pessoa afável, amável e sociável do sério. Irritado é uma faceta que ninguém lhe conhecia.

O seu percurso político, nota-se, está a ser demasiado pesado. Traído pelos seus, como foi Viriato, por exemplo, o meu caro professor já só deseja levar o seu mandato até ao fim. Um desejo demasiado pobre, para alguém que tinha tantos projectos e que ganhou as eleições com a tal maioria reforçada. Chegamos a um momento em que não consegue aprovar os projectos do próprio executivo.

Sei bem a minha pequenez. Reconheço que tudo aquilo que lhe posso dizer pouco ou nada vale. Mas professor, como seu apoiante deste a primeira hora permita-me que lhe diga que julgo se torna cada vez mais necessário, neste período de férias, avaliar se vale ou não a pena continuar a suportar este fardo ou optar por eleições antecipadas.

Jamais, em tempo algum, duvidei da sua capacidade para liderar a autarquia. Ao contrário de outros, vi o professor como o candidato certo que apenas falhou nas escolhas que fez. Sempre estive consigo e sempre estarei do seu lado em todas as decisões que tomar. Consigo até ao fim. Seja ele qual for. "A lealdade é um dos pilares que sustentam o real valor do homem", diz-nos um dos pensamentos rabínicos.

1 mensagens:

Luís Tavares disse...

Caro autor e amigo, Sérgio Loureiro. Não podia estar mais de acordo contigo. Teve a oportunidade de escokher uma equipa à sua imagem e não a aproveitou. Foi pena e agora estamos a pagar a factura disso mesmo. Eleições antecipadas? Porque não!