Actos popularuchos

O CDS/PP voltou a causar mal-estar no seio da Coligação. Já não bastava ter uma oposição enfadonha e chata, protagonizada pelos vereadores socialistas, para agora o Presidente da Câmara usar, creio que pela primeira vez em Aveiro, o voto de qualidade quando tem, imagine-se, a maioria no executivo.
A decisão dos dois vereadores populares em se absterem na votação sobre a intervenção no Bairro do Alboi / Largo José Rabumba, mormente o projecto de arquitectura de ligação pedonal à nova ponte do Rossio, não deve, nem pode ser aceite de ânimo leve. Colocar o ónus de responsabilidade no Presidente da Câmara e nos dois vereadores do PPD/PSD é, no mínimo, uma tremenda deselegância política, se não mesmo traição entre parceiros.
A paciência tem limites e nem mesmo na política pode valer tudo. O mínimo que se deve exigir é respeito, pelo trabalho que se faz e pelas decisões tomadas em colégio. Para aqueles que não se recordem, ou tentem fazer esquecer já num passado não muito distante foi este mesmo vereador do CDS/PP, então membro da Assembleia Municipal, que faltou a uma das mais importantes reuniões municipais quando se votou a adesão do município de Aveiro às Águas de Portugal. Eu bem me lembro o incómodo que tal ausência causou, com a bancada do PPD/PSD a contar, um a um, os presentes e as críticas, em uníssono, que se fizeram à inexplicável ausência do então líder da ala centrista. Aliás, a juntar ao rol de protagonismo dispensável foi também este vereador que pediu a demissão do vereador responsável pelo pelouro das Finanças, Pedro Ferreira, e que numa altura em que se negociava nova Coligação veio a público aventar a probabilidade de ser ele próprio candidato a Presidente da Câmara. O que é que terá sentido, por exemplo, Élio Maia quando leu tal disponibilidade do "amigo"?
Quanto à vereadora, que agora manifestou reticências a uma parte do denominado "Parque de Sustentabilidade", a sua exposição mediática ficou marcada com a intenção de incitar a uma mega-manifestação no caso da edilidade privatizar o Teatro Aveirense. É bom que as pessoas tenham memória e não se esqueçam o que se fez e o que se faz para, definitivamente, prever o que se pode fazer.
Perante esta atitude, que deixa ficar muito mal os vereadores do PPD/PSD e o Presidente Élio Maia, parece-me fácil chegar à conclusão que houve uma certa vingança pelos resultados obtidos nas eleições internas do CDS/PP, mas também saberem que a vitória de Jorge Greno colheu o tal agrado geral entre os social-democratas. É esta a minha convicção.
Deste modo, e pese o facto das eleições autárquicas terem ocorrido há pouco mais de sete meses, seria importante avaliar as consequências desta decisão dos dois vereadores populares. Não só por parte do Presidente Élio Maia, como da própria estrutura concelhia do CDS/PP. Eu lembro, por exemplo, que o PPD/PSD chegou a retirar a confiança política a um vereador seu no segundo mandato de Alberto Souto.

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