Do que é que Aveiro se livrou

Nos últimos dias, o concelho de Aveiro tem sido notícia por dois motivos: o primeiro, com o cerco que o governo socialista está a implementar através da introdução de portagens nas supostas vias sem custos para o utilizador. Isto é, as tão badaladas scuts que o governo de António Guterres introduziu em 1997. Construídas, conservadas e mantidas pelo Estado português com o dinheiro de todos, contribuíntes desta pátria quase novecentista.
O segundo motivo, surgiu esta semana. Num momento de pura inspiração, fazendo uso oratório num local de excelência da democracia aveirense, um deputado municipal socialista incentivou os seus pares a um levantamento popular, munidos de moto-serras, para deitar abaixo os pórticos que constituem o tal cerco ao nosso concelho.
Importa colocar um ponto-prévio: por princípio, sou contra as portagens nas auto-estradas em regime de portagens virtuais, como são as scuts. Mas num esforço suplementar que a nossa economia exige, obviamente que só posso concordar com a defesa da tese de ou pagam todos, ou não paga ninguém.
Como na política é fácil, e por vezes dá muito jeito, não ter memória convém relembrar que o deputado municipal que incitou ao levantamento popular, ao bom estilo de uma revolução Maria da Patuleia, é o mesmo que presidia à concelhia socialista nas últimas eleições autárquicas. Ou seja, caso o PS tivesse ganho as eleições para a Câmara Municipal de Aveiro já sabemos, através desta postura do revoltoso, que tipo de poder autárquico iríamos ter. Uma iniciativa governativa qualquer que desagradasse à Câmara aveirense tinha como resposta uma revolução popular. "Não nos preocupemos, porque há sempre advogados que nos defendam", é a máxima do agora deputado municipal.
Felizmente que a Coligação renovou, de uma forma clara e expressiva, a vitória eleitoral. Mas não se pense que o actual PS de Aveiro é melhor. Pode até mostrar um outro sorriso, mas a alegria que demonstra é de desconfiar. Como é de desconfiança todo o aparelho socialista. Nós olhamos para os dirigentes nacionais e vemos expressões carrancudas, enfadonhas e similares àqueles a quem todos devem e ninguém lhes paga. Este PS parece que anda de mal com o mundo. Que confiança pode transmitir ao povo? Que sinal de esperança se pode ver quando olhamos e ouvimos as figuras que actualmente dirigem o Partido Socialista e governam Portugal?
Para mim, um político nem deve olhar o povo de cima, nem de baixo. Deve olhá-lo olhos nos olhos, ao seu nível. E é isso que tem faltado à maioria da classe política portuguesa: humildade para se colocar ao seu nível; ao nível das pessoas!

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